Ana Bacalhau: “Transparente, como pessoa e como artista”.
O céu estrelado de Carvalhal de Mouraz, a terra dos seus avós, e a urbe de Benfica, onde cresceu, fazem parte da essência de Ana Bacalhau, a menina rabina que, no seu primeiro álbum a solo, mistura a tradição portuguesa e a linguagem anglo-saxónica. No caminho, ainda inventa um novo género musical: o corrid-hip corrid-hop.
Ainda hoje é confundida com Deolinda, a personagem que dá nome à banda que a tornou conhecida do público mas Ana Bacalhau sempre foi ela própria. Em criança, descobriu na música uma companheira mas só quando tentou tocar guitarra é que percebeu que o seu futuro passava pela sua voz – afinal de contas, conseguia acompanhar Linda Perry, dos 4 Non Blondes. Porém, a sua primeira banda, os Lupanar, só surge quando a licenciatura em Línguas e Literatura Moderna estava concluída. Por essa altura, já sabia que a profecia da sua professora da 3ª Classe estava errada: nunca seria professora. Ana Bacalhau já era cantora mas a música ainda não lhe dava sustento. Por isso, torna-se uma espécie de Indiana Jones e trabalha como Arquivista no Ministério das Finanças… até que, em 2006, a tal personagem com que é confundida a catapulta para o sucesso. Uma década mais tarde, surge Nome Próprio, um disco que é também um (auto) retrato de quem é Ana Bacalhau, descrita em três canções suas mas também em muitas outras, assinadas por nomes como Márcia ou Jorge Cruz, Samuel Úria ou Nuno Figueiredo. Ao cantar-se no olhar de outros, Ana Bacalhau acaba por se descobrir, também, a ela própria. Mãe, escritora, cantora, apaixonada pela vida e cativante conversadora, aqui está ela, na sua plenitude, em Nome Próprio – com todas as leituras que daqui se possam retirar.