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Sudoeste: adivinha quem voltou

Sudoeste: adivinha quem voltou
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Depois de anunciar que, este ano, passaram 65 mil pessoas pela Herdade da Casa Branca, o Festival Sudoeste regressa entre 6 e 9 de Agosto de 2025.

O título parece fácil? Quase cliché? Mas não podia ser mais verdade. Há uma ligação única entre o percurso dos Da Weasel e o festival alentejano: quando o colectivo de Almada dava os seus primeiros (grandes) passos marcaram presença na edição inaugural do Sudoeste; foi lá que Virgul deu a sua mais rápida (e memorável) entrada em palco e foi também na Herdade da Casa Branca que conseguiram chocar o público mais mainstream ao levarem uma stripper para ilustrar “Re-Tratamento”. Além disso, sim, os Da Weasel voltaram. Continuamos a não saber se voltaram para sempre, em que moldes voltaram, o que mais poderão preparar para o futuro. Mas, porque se fala de verdade, nada disso importa realmente. Importam as canções, aquelas que acompanharam uma geração e que, claramente, estão a passar para as gerações seguintes. Importa, ainda, a vida destas canções, que envelheceu com o mais brilhante espírito da eterna juventude. Importam, sobretudo, aquelas seis pessoas, que se tornam os nossos porta-vozes e reflectem na sua música aquilo que todos parecemos carregar na alma.

Foto: Lucas Coelho/Sudoeste

Quase duas décadas depois, os Da Weasel voltaram ao Sudoeste: ao longo de duas horas, desfilaram os seus clássicos – para gáudio do público, em geral – e visitaram momentos trabalhados, especificamente, para os fãs mais acérrimos da doninha (e ela tem muitos, tem tantos…). Se isso fez com que, a certa altura, o alinhamento quase parecesse desequilibrado, com o miolo da set-list marcada por instantes mais midtempo, fez! mas talvez esse “desequilíbrio” fosse necessário. Às vezes, é preciso abrandar o passo e respirar fundo, recuperar o fôlego para novo frenesim rumo ao final. Faltou “God Bless Johnny”? Faltou! Mas nem o mais empedernido coração terá conseguido manter a sua cadência: do arranque avassalador com “Loja (Canção do Carocho)” até à despedida com “A Palavra”, houve a fúria de “GTA”, “Bomboca”, “Carrossel” ou “Tás Na Boa”, a epicidade de “Jay”, o desvario de “Dialectos da Ternura” e a doçura de “Dúia”, a intensidade de “Outro Nível” e a descarga de “Todagente”. Também voltou a haver strip no Sudoeste mas desta feita em modo duplo, com a Carmo e o Hugo. E, depois, houve História: assim mesmo, com letra maiúscula. Aquela que nos faz acreditar que tudo pode ser melhor, com “Força (Uma Página de História), e a declaração de amor suprema que é “Casa – Vem Fazer de Conta”. Mas porque se escreveu com letra maiúscula, fale-se daquela que é, provavelmente, uma das melhores canções da História da Música Portuguesa: “Mundos Mudos” é a obra-prima dos Da Weasel e foi, claro, um dos pináculos do concerto.

Foto: Lucas Coelho/Sudoeste

Em 2022, depois de dois adiamentos provocados pela pandemia, quando os Da Weasel actuaram (e esgotaram!) no Passeio Marítimo de Algés, eles não eram os mesmos do Sudoeste 2024: ali, a pressão do regresso, as dúvidas, a busca pela perfeição, assaltou-lhes a música e roubou-lhes a emoção. Quatro concertos e dois anos depois, a doninha está como sempre a conhecemos: solta, explosiva, apaixonada e apaixonante. Numa só palavra, os Da Weasel são únicos. E, no Sudoeste, foram únicos. E fizeram-nos sentir únicos. É tão bom tê-los de volta!

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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