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PZ: “A música é transcender a realidade”.

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Para Paulo Zé Pimenta, não há nada mais sério do que o humor – aquele que mostra toda a realidade sem meias palavras. É esse o ponto de partida e o lado transgressivo de PZ.

À primeira vista, é difícil compreender as canções de PZ: será isto algo sério para ouvir a brincar? Ou será uma brincadeira para ouvir a sério? Ao fim de cinco álbuns, a resposta já está (mais) clara. De Anticorpos a Do Outro Lado, em hinos como “Croquetes”, “Bestas”, “Realidade Paralela” ou “Cara de Chewbacca”, o que realmente importa para o homem que nasceu Paulo José Pimenta é a capacidade que ele tem de rir de si próprio. Fá-lo através da música, marcada por ritmos electrónicos profundos, mas também de palavras que surgem sem pudor, como se se tratassem de conversas com os seus melhores amigos. Ou de instantes de meditação numa qualquer noite solitária. Ao piano, claro.

Na vida de Paulo Zé Pimenta, a música esteve sempre lá: nas viagens de carro, nos almoços de família de fim de semana, nas incursões por grandes concertos pela mão do pai. Ele descobriu que não queria apenas ouvir mas que também conseguia fazer quando vislumbrou a panóplia de possibilidades dadas através de softwares como o Cubase ou o Fruity Loops. Depois de Ppelectro, puramente instrumental, assinou Anticorpos, o seu primeiro álbum enquanto PZ e o seu anti-depressivo para a crise interna que atravessou findo curso em Media Arts, em Boston. Porém, foi preciso a experimentação dos Zany Dislexic Band e a aventura rock dos Paco Hunter, ambos partilhados com o irmão, Zé Nando Pimenta, para que decidisse que queria regressar aos discos em nome próprio. Rude Sofisticado trazia “escondido” “Croquetes” – segundo o seu autor, a canção que lhe permitiu encarar a música de forma profissional. Mas ele não faz, apenas, música: na Meifumado, edita e produz; vai assinando capas de discos e realizando telediscos, numa espécie de realidade paralela que, acaba sempre, invariavelmente, por culminar num novo longa-duração em nome próprio. Foi assim com Mensagens da Nave-Mãe e novamente com Império Auto-Mano. Porém, Do Outro Lado, de 2019, parece uma espécie de fechar de ciclo – ou não partilhasse o disco o título com uma canção que precedeu a descoberta da persona de PZ. A sua música pode nascer de momentos mágicos mas são instantes de declarada realidade.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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