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The Kills – Ash & Ice

The Kills – Ash & Ice

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Ash & Ice

Ainda o passeio vai na primeira metade de Ash & Ice quando chega o primeiro dogma do quinto álbum dos Kills: “Hard Habit To Break”. É a afirmação perfeita para a dupla composta por Alison Mosshart e Jamie Hince – o seu garage sensual e fumarento é, de facto, um vício difícil de vencer. Só isso justifica a “paciência” necessária para a chegada do sucessor de Blood Pressures: cinco anos de separação entre dois álbuns, nos dias que correm, é uma perfeita eternidade.

Não se pense, porém, que esta meia década que separa os dois álbuns se deveu ao casamento de Hince com Kate Moss ou às experiências de Mosshart com os Dead Weather, de Jack White. A verdade é que, pelo meio, o guitarrista teve um problema grave no tendão de uma mão, que o obrigou a reaprender a tocar o seu instrumento; a vocalista mudou-se para Nashville. E sim, todas estas variantes estão bem claras em Ash & Ice.

Onde outrora a obra dos Kills assentava na guitarra de Hince, uma boa parte dos olhares, em 2016, surgem num lado mais synth – os riffs continuam lá mas com menos protagonismo, o que torna o seu rock (outrora, passageiro de uma velocidade à beira do precipício) mais “tranquilo”, de respiração compassada (oiça-se “Days of Why and How” ou “Echo Home”). Ash & Ice é, também, o mais longo registo dos Kills: faz sentido, uma vez que há muito que não havia um trabalho conjunto. Porém, o que acaba por resultar nestas 13 canções é alguma falta de objectividade, como se muitos géneros e influências pudessem caber aqui. Nos Kills não é preciso muito: é preciso rock, de cabelo desgrenhado, destemido e fumarento. É essa a metáfora perfeita para Alison Mosshart e é essa a alma da dupla. Em Ash & Ice, muitas vezes, essa “alma” tem que ser… procurada.

Nem tudo, no entanto, é morno: a abertura é Kills puro, com os dois singles logo à cabeça (“Doing It To Death” e “Heart Like A Dog”); o ritmo de “Whirling Eye” é contagiante; “Impossible Tracks” revela o ímpeto garage que apresentou a dupla ao mundo e “That Love” é a balada ao piano que parece continuar a senda de “Last Goodbye”. Isoladas, estas 13 canções, não envergonham ninguém – mas, para uma espera tão longa, enquanto corpo de trabalho, Ash & Ice fica aquém das expectativas. No entanto, os Kills mantêm-se… “A Hard Habit To Break

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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