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Elisa Rodrigues: “Sempre disse à minha mãe que gostava de cantar”.

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Pode ter demorado mais de meia década a regressar aos álbuns mas, no caminho, Elisa Rodrigues acumulou experiência, inspiração e vontade. Com As Blue As Red, a “revelação” torna-se “confirmação”.

Chamem-se três mulheres para contar esta história: sem os constantes impulsos da mãe, o percurso de Elisa Rodrigues podia ter sido muito diferente – é a mãe quem a leva até ao Coro dos Pequenos Cantores do Estoril e é também com a mãe que assiste a um concerto de Maria João e Mário Laginha. Habituada aos constrangimentos do clássico, com Maria João, a menina deixa-se inebriar pela liberdade que a música também pode ter e começa a frequentar workshops de jazz (inscrita pela mãe, claro!). Até que ouve “Summertime” e decide aprender, de uma ponta a outra, Like Someone In Love, um álbum editado, em 1957, por Ella Fitzgerald. Sem estas três mulheres, a menina Elisa dificilmente se teria tornado a força da natureza que transparece em As Blue As Red, o seu segundo álbum, editado em 2018.

Depois das primeiras bandas, o trabalho com o pianista e compositor Júlio Resende acaba por dar origem a Heart Mouth Dialogues, o registo de estreia, de 2011 – e, como quem come cerejas, tudo o resto surge em catadupa. Num programa na SIC Mulher, Rodrigo Leão descobre a sua voz e convida-a a acompanhá-lo na estrada; no canal online A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria, os manos Barnett deixam-se fascinar pela sua interpretação e convidam-na a gravar Field of Reeds, o longa-duração editado pelos These New Puritans, em 2013. A música dos outros leva-a a correr mundo mas, quando volta a casa, sabe o que quer fazer: trabalhar na sua música. Depois de construir um primeiro álbum apenas com versões e um inédito (seu), As Blue As Red inverte, literalmente, esses números. Desafia Pedro da Silva Martins e Joana Espadinha a comporem para si, senta-se ao piano e assina também as suas canções, além das que partilha com a produtora do álbum, Luísa Sobral. O jazz pode ter passado para segundo plano mas ainda se (pres)sente, agora abraçado por uma linguagem mais redonda de pop. O que não mudou foi a sua voz e a liberdade que traz às suas canções – ela sempre disse que gostava de cantar. Ainda bem que alguém acreditou.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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