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Brass Wires Orchestra: “O conceito tem que ser completo”.

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De Lisboa e em Lisboa, com amor e por amor, assim nasceu a Brass Wires Orchestra.

 

Há algo de profundamente inocente na Brass Wires Orchestra, a inocência que fez com que dos palcos das ruas de Lisboa tenham passado para um dos maiores festivais do mundo – em pouco mais de seis meses. Mas faça-se a narração como ela é devida: dois ex-namorados da mesma rapariga juntam-se para pequenas actuações em zonas míticas da capital, do Chiado ao Adamastor. Começou como um pequeno grupo de amigos mas, à medida que novos elementos se foram juntando, a ideia de “wire” dada por duas turistas canadianas teve que ser seguida pelo conceito de orquestra. Só que, aqui, o único maestro é mesmo a vontade de fazer música – e de tocá-la. Foi isso que fizeram quando subiram a um palco pela primeira vez: o segundo concerto real que deram foi no Hard Rock, em Lisboa, quando participaram num concurso que acaba por encaminhá-los a Hyde Park, o pulmão verde da cidade de Londres, que, em Julho de 2012 recebia não só a imberbe banda portuguesa mas gigantes como Bruce Springsteen e Soundgarden. Nada ficaria como dantes: no mês seguinte, abrem o festival de Paredes de Coura, quando ainda nem têm canções suficientes para preencher a totalidade de um alinhamento. A possibilidade de gravação do álbum de estreia surge rapidamente mas uma sucessão de burocracias acaba por atrasar a edição de Cornerstone. Publicado em 2014, representava uma banda em crescimento, com a apresentação de referências assentes numa incrustada folk, em ambientes bucólicos e paisagens verdejantes. Em três anos, porém, muito mudou na Brass Wires Orchestra – em Icarus, de 2017, os instrumentos podem ser os mesmos mas a roupagem que lhes é dada oferece uma nova dimensão a uma música que, agora, aposta em efeitos e electrónica. É este um álbum de experimentação mas também de risco, onde as tablas abraçam os sopros e o banjo pode crescer com pedais. Há algo de profundamente inocente na Brass Wires Orchestra, a mesma inocência que faz com que uma criança nunca tema. Há riscos que valem a pena serem corridos e nem todos os “icarus” têm os seus sonhos destruídos pela ambição. No caso dos #osmaisbonitos, a ambição (definitivamente) compensou.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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