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Sam The Kid: “Tenho bastantes beats e temas apontados para gravar a solo”.

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Mais de uma década depois, Sam The Kid regressou às canções a solo. Viveu a vida e o tempo passou depressa – o hip hop português já sentia falta do Samuel introspectivo.

Tornou-se quase uma espécie de Dom Sebastião da música portuguesa: para quando um regresso de Sam The Kid aos discos? Os projectos acumulavam-se, da experiência com os Orelha Negra à parceria com Mundo Segundo, das produções para outros nomes a outras tantas colaborações mas o seu “segundo verso” teimava em chegar. Chegou, finalmente, sem ser anunciado, quando 2018 se aproximava do final.

Na conversa com o M de Música, assume que esta longa ausência é inadmissível mas é facilmente explicada: Sam The Kid nunca deu prioridade às suas coisas porque é assim que surge a pressão – e “Sendo Assim” nasceu sem pressão. É o reencontro com o Samuel introspectivo, aquele que sente que fazia falta mas é, também, um olhar para tudo aquilo que passou. Fecha Mechelas, a primeira compilação que surge com o selo da TV Chelas, a plataforma online que criou em 2016, onde se multiplica em divulgador, editor, produtor, eterno curioso.

Começou a dançar mas deixou-se encantar pelo hip hop enquanto cultura, uma cultura construída à volta da narração da realidade. A sede de bases para rimar levam-no às primeiras produções e à certeza de que era esta a sua vocação. Fazer carreira na música pode ser o sonho de um filho mas o pesadelo de um pai – Samuel confessa, no entanto, que sem os seus pais, tudo isto teria sido muito diferente. A mãe oferece-lhe a primeira caixa de ritmos, o pai os primeiros microfones. Deixando para trás a experiência com os Official Nasty, estreia-se a solo em 1999, com Entre(tanto): seguir-se-iam Sobre(tudo), o instrumental Beats Vol 1: Amor e, finalmente, Pratica(mente), em 2006. Sam The Kid cravava, assim, de forma incontornável, o seu nome na História da música portuguesa. Samuel Mira é muito mais do que um MC ou produtor – é um poeta, tão sedento por descobrir mais agora com quando ouviu, pela primeira vez, “93 Til Infinity”. É esse conhecimento acumulado, essa vida vivida, esses palcos pisados, essas palavras entoadas, esses beats sonhados que o tornam incontornável. Sem pressões.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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