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Fred: “Não é uma história dramática, é um encontro comigo”.

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O Amor Encontra-te no Fim pode ter nascido de uma tempestade mas não é um disco dramático. É o primeiro álbum a solo de Fred e, muito mais do que um acto de coragem, é uma declaração. De amor. De encontros. Sem fim.

O Amor.

Chega a ser desarmante a forma cândida como Fred vai desvendando a sua história, como vai contando o caminho que o trouxe até ao Ya, o estúdio lisboeta que é o seu quartel-general e onde se sentou com o M de Música. O amor com que recorda as primeiras experiências “a tocar”, com as almofadas a servirem de tarola e timbalão, com o primo Marco como cúmplice. O mesmo amor que fez com que um grupo de amigos de liceu formasse uma banda e percorresse o país. O amor que levou a que se mantivesse a tocar com os Yellow W Van ao invés de se juntar à banda a solo de David Fonseca. Mas também o amor à bateria, aquele instrumento mágico que conhece desde sempre, onde cresceu a observar o pai, e que o levou a um outro amor – o amor de tocar com os amigos, em projectos como os 5-30, os Orelha Negra ou a Banda do Mar. O amor que, confessa, hoje é tão genuíno e incrível como quando tinha 15 anos.

O encontro.

Fred sempre soube o que queria fazer: mesmo quando o pai lhe dizia que havia mais na música do que a bateria. Na altura, sentiu o conselho de Kalu como uma provocação mas o pai tinha, de certa forma, alguma razão. Porque foi para lá da bateria que Fred também encontrou uma forma de se expressar – no acto da produção. Sempre foi curioso, sempre quis participar mas foi depois de observar os companheiros nos Buraka Som Sistema e os parceiros nos Orelha Negra que se começou a aventurar nas suas produções próprias, que acabaram por dar origem aos 5-30. Enquanto produtor, acabou, igualmente, por fazer novos encontros e por descobrir novos amores, em trabalhos tão díspares quanto Raquel Tavares ou Diogo Piçarra.

O fim.

Afinal, é apenas um princípio. O seu primeiro álbum foi constantemente adiado, eternamente colocado em segundo plano. Porque, na verdade, Fred nunca encontrava a dose certa e estava rodeado de doses erradas – de existência, de ginástica de tempo, de prioridades, de ausências. Foi preciso perder-se para, finalmente, se encontrar. Sem dramas. Apropriou-se de uma frase de Daniel Johnston (citado em “Para Nunca Mais Cair”, que fecha o disco) para baptizar o seu primeiro álbum em nome próprio, num misto de ensinamento para si mas também de mensagem para quem ouve esta música. Uma música feita, lá está, em nome próprio mas não a solo. Uma música que convoca os seus amigos mas também o seu amor. No fim, não foi o amor que encontrou Fred. Esse já lá estava, desde sempre. Este é o encontro de Fred com Fred. Lá está, sem drama mas com muito amor. Disponível para todos aqueles que o souberem ouvir. E a forma cândida com que Fred  fala é, realmente, desarmante. Mesmo quando não entoa uma só palavra.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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