The Happy Mess: “As imperfeições dão carácter à música”.
Onde Songs From The Backyard marcava o impulso e Half Fiction a intuição, Dear Future assume, em definitivo, o carácter dos Happy Mess. Uma contemplação feita de sonhos e muita pop.
Ainda 2011 mal tinha começado já a Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa, enchia para o primeiro concerto de uma nova banda. Não era, no entanto, uma banda nova, antes a recriação de um sonho antigo de dois amigos de adolescência, Miguel e Rui, que, ao deixarem Valpaços tinham, também, abandonado a ideia da música. Ou talvez nem tanto.
Para contar a história dos Happy Mess é preciso lembrar os Papá Hugo e Etc, o tal grupo de adolescência que, em 2010, recebe o convite para uma reunião nas festas locais de Valpaços. Seis amigos e um primo juntam-se numa garagem em Alfragide e compreendem que o ímpeto da música não tinha morrido – estava, apenas, adormecido. A vontade de voltar a um espaço de felicidade regado a indie pop dá o mote para encontros em Campo de Ourique, onde, numa folha de papel, se atiram umas dezenas de nomes, que acabariam, de forma democrática, votados no Facebook – assim surgiam os Happy Mess. O concerto na Fábrica de Braço de Prata acaba por funcionar como derradeiro teste: “será que conseguimos, realmente, fazer isto?” Um EP e três álbuns depois, o sonho, de facto, comandou (est)a vida. Escrevem canções com paixão, mergulhando na pop que tanto pisca o olho a um lado indie quanto se deixa inebriar por aspectos mais electrónicos sem nunca perder um imenso pulsar humano. É essa a personalidade dos Happy Mess, onde a matemática não prevalece sobre a intuição e as imperfeições são assumidas com orgulho. Abraçadas com carácter.