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Carolina Deslandes: “Demoras até conseguir viver da música”.

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O grande desejo de Carolina Deslandes é que as suas canções façam morada nas pessoas – ela sempre soube porque é que saía de casa. Hoje, sabe, também, porque é que volta.

A sua vida podia dar um filme (o que não deixa de ser curioso, uma vez que um dos seus sonhos era escolher as músicas para um filme. Não era escrevê-las: era escolher os momentos musicais para um determinado momento de uma história replicada num grande ecrã). É esta a menina que a mãe sonhava chamar Maria da Lua mas que acabou Maria Carolina. A Maria da Lua, porém, acabou por “nascer”, nas histórias imaginadas nas composições da escola primária, pela Carolina que aprendeu a ler sozinha. Sozinha, como gostava de ficar, no seu quarto, entre a leitura e a escrita, os pincéis e as palavras. Só começou a cantar com 12 anos mas, depois de ter dado o primeiro concerto, rapidamente, entrou no circuito de bares lisboeta. Sempre determinada em pensar pela própria cabeça, recusou o estigma relativo aos concursos televisivos de talentos e participou na 4ª edição de Ídolos. Entre o trabalho em restaurantes e os concertos, amealhou dinheiro suficiente para pagar os estudos na London Music of School, onde aprofundou os ensinamentos que tinha começado no Hot Clube, em Lisboa. Não se pense, porém, que por ter regressado e editado o seu primeiro álbum, homónimo, em 2012, as portas do sucesso se escancararam: como admite, é importante acabar com a ideia romântica de que a glória na música tem resultados imediatos. Não é uma corrida de velocidade, é de resistência. É preciso acreditar mas também é preciso lutar. Quando não tinha editora, com o melhor amigo, assinou “Mountains” – a canção podia não ter tido qualquer resultado mas resultou no facto de ter voltado a colocar todas as atenções em Carolina Deslandes.

Regressou aos álbuns com Blossom, em 2016, mas ainda nada estava garantido: pouco depois, engravida do primeiro filho e são muitas as vozes que insistem em dizer-lhe que não vai conseguir ser tudo. Fazer tudo. Carolina mostrou que estavam errados. “A Vida Toda”, escrita como prenda de aniversário para o seu “namorido”, tornou-se uma ode ao amor, ao seu mas também ao das pessoas que a escolhem, por exemplo, para os seus casamentos. É em Casa, o seu terceiro longa-duração, que a canção encontrou morada, lado a lado com encontros com Rui Veloso ou António Zambujo, num edifício que Diogo Clemente ajudou a construir com a sua produção. Há muito de romance no filme da vida de Carolina mas também há muito de realidade e honestidade. No seu discurso, não há meias palavras e nada fica por dizer. São palavras de vida, de uma vida toda que pode ficar retratada em canções mas que ainda, agora, começou a ser contada.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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