O M de Música esteve no concerto dos Queens of the Stone Age, no Madison Square Garden, em Nova Iorque.
Diz a canção que melhor descreve a Big Apple, “if I can make it there, I can make it anywhere”. No que diz respeito aos Queens of the Stone Age, eles já o conseguiram fazer em todo o lado e conseguiram fazê-lo também, no passado dia 24 de Outubro, num dos mais importantes recintos mundiais, o Madison Square Garden, em Nova Iorque. A casa dos Knicks e dos Rangers encheu para celebrar Villains, o sétimo álbum dos Queens of the Stone Age, editado em Agosto – mas foi com “If I Had A Tail”, de …Like Clockwork, que o disparo foi lançado. Só que houve muito mais história em forma de canção a ser desfiada ao longo do serão, que arrancou com a abertura dos Royal Blood, a dupla de Brighton que, este fim de semana, regressa a Lisboa, para o início da sua digressão europeia.
“We’re not a band for fighting, we’re a band for fucking”, descreveria Homme, a certa altura. Definia, assim, toda a imponderabilidade que está inerente à música que tem vindo a fazer há duas décadas: um rock exposto com uma nudez quase pornográfica, onde a virilidade é feita pelo meio de muitos falsetos, onde o ritmo sacode o peito com a mesma intensidade com que apela aos movimentos lascivos de anca. São uma das maiores bandas rock da actualidade – e por “rock” entenda-se o seu verdadeiro conceito, aquele onde o que valem são os instrumentos, o pulsar, o espírito livre – e mostram-no, de forma ímpar, quando sobem ao palco. O habitat onde as canções parecem saltar dos constrangimentos sociais, assumindo toda a sua loucura, o seu lado mais desenfreado e (sim) perigoso. O rock dos QOTSA é um rock feito de perigo, de contornos improváveis, de desvios sinuosos. É um rock sujo mas que, no meio do tal imponderável, se torna surpreendentemente brilhante. Não tem a mesma carga desbragada dos anos 90 mas soube tornar-se adulto sem perder a sua essência: da mesma forma que Villains foi produzido por Mark Ronson, conhecido senhor da pop, sem perder um centímetro do seu tormento.
Em perto de duas horas de concerto, desfia-se uma história que tanto passa por Villains, claro, como recorda Era Vulgaris ou Songs for the Deaf. Perto de duas horas de concerto onde o travão parece avariado e a única velocidade que se conhece é a de prego a fundo. Anuncia-se que esta deverá ser uma noite para nunca mais lembrar porque esta música de excessos deve ser acompanhada por excessos. Porém, esta acaba por ser uma noite para nunca esquecer – foi uma lição de rock e de presença, de muitos palavrões e de outras tantas palavras de agradecimento. Uma noite onde o pai Homme estava no público mas o filho Homme dedicava canções à sua “girl, Brody”. Acima de tudo, foi uma noite de grandes canções, daquelas que podem fazer uma vida – ou mudar uma vida. O que é que se pode pedir mais?
Alinhamento:
If I Had A Tail
Monsters in the Parasol
My God Is the Sun
Feet Don’t Fail Me
The Way You Used To Do
You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire
No One Knows
Mexicola
The Evil Has Landed
I Sat By the Ocean
Smooth Sailing
Domesticated Animals
Make It Wit Chu
I Appear Missing
Villains of Circumstance
Little Sister
Sick, Sick, Sick
Go With the Flow
Encore:
Head Like A Haunted House
A Song for the Dead
Comment(1)