
Segundo as Savages, “love is the answer”
Três anos depois de Silence Yourself, o registo que apresentou as Savages ao mundo, eis Adore Life. Poderia pensar-se que é o cliché do “difícil segundo álbum” mas o que o quarteto faz (aparentemente) não tem nada de difícil. Com o amor como tema sempre presente, Adore Life passeia-se pelos caminhos conhecidos do pós-punk mas leva a fasquia um pouco mais longe: do arranque em jeito de perseguição galopante entre a guitarra suja e a voz limpa, em “The Answer”, à atmosfera sincopada de “Adore”, passando pelo frenesim desenfreado de “T.I.W.Y.G.”, é acutilante, escuro, denso mas, ainda assim, com rasgos de esperança. Se as canções das Savages, antes, facilmente lembravam Siouxsie, agora povoam memórias oscilantes entre Nick Cave ou Joy Division, numa descrição de emoções desenhadas na euforia das guitarras, com alma punk e ênfase num caos rítmico subtilmente organizado. Segundo as Savages, “love is the answer”: mesmo que restem dúvidas sobre tamanha afirmação, uma coisa é certa – em 2016, o rock agradece um disco assim.