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ProfJam: “Queria que o meu álbum tivesse um lado espiritual”.

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Mais de uma década depois de ter terminado a primeira canção, ProfJam estreia-se, finalmente, em longa-duração. Porém, este professor nunca vai deixar de ter espírito de aluno.

Viaje-se até 2008 e encontre-se Mário, sentado em frente ao computador, determinado em replicar, em som, os ritmos e as acrobacias das palavras que imperavam na sua imaginação. Nascia, aí, a sua primeira canção, “Controlo”, e também este professor que, antes de mais nada, se assume como o aluno eterno.

Fast forward até 2013, quando decide participar num passatempo para ganhar um bilhete para o concerto de Valete no Campo Pequeno, em Lisboa. Mário acaba por “fazer batota” e, ao invés de fazer um texto, faz um som completo – que acaba por chamar a atenção de José Cardoso, que o convida para participar na Liga Knock Out. Nunca foi battle rapper mas considerou que podia ser uma boa forma de chegar a mais pessoas – e conseguiu. Da derrota na batalha, acaba por sair vencedor e as suas canções, que já navegavam no mundo cibernáutico, atingem um público mais vasto. Um ano depois, publica o seu primeiro disco, a mixtape The Big Banger Theory.

Rewind: em casa, cresce a ouvir a avó cantar mas não são os salmos religiosos que lhe chamam a atenção para a música – antes um admirável mundo novo se abre quando Catarina, a sua irmã seis anos mais velha, surge com álbuns de Eminem e Jay-Z. Para trás, começam a ficar os hits do momento, como as canções de Britney Spears ou o one-hit wonder de Crazy Frog, com o hip hop a tornar-se uma cultura tão fascinante que, duas décadas mais tarde, é aí que permanece. ProfJam vai mais longe e afirma que há hip hop para todos os estados de espírito. Não será, por isso, de estranhar que o seu primeiro álbum, produzido por Lhast, seja, também ele, uma experiência espiritual.

8 de Março de 2019: ProfJam edita o seu debute, em formato físico, no que aos longa-duração diz respeito. Ao sucessor de Mixtakes, a mixtape que revelou em 2016, chamou #FFFFFF: é esse o código hexadecimal para branco mas esta há muito que deixou de ser uma página… em branco. O professor viajou até ao cerne do seu eu, na busca por uma experiência musical que tem tanto de júbilo quanto de religião, tanto de mundo quanto de espírito, tanto de catarse quanto de meditação. ProfJam pode estar determinado em não se deixar viciar em si próprio mas, ao mesmo tempo, parece estar a conseguir tornar-se um vício.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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