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NOS Alive 2023: se um dia pode mudar uma vida, o que acontece em três?

NOS Alive 2023: se um dia pode mudar uma vida, o que acontece em três?
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A 15ª edição do NOS Alive reuniu 165 mil pessoas ao longo de três dias, 123 espectáculos e 100 artistas. O Passeio Marítimo de Algés encheu para o evento que, em 2024, se vai realizar entre 11 e 13 de Julho.

Marcado por estreias impactantes – de Lizzo a Machine Gun Kelly ou Lil Nas X –, foi com os grandes regressos que o 15º NOS Alive, verdadeiramente, brilhou: e não se fala, “apenas”, dos grandes cabeças de cartaz aka Red Hot Chili Peppers ou Arctic Monkeys! O rock, aliás, foi rei e senhor no Passeio Marítimo de Algés, quer se fale dos portugueses Linda Martini, dos sempre inesquecíveis Idles ou dos triunfantes Queens of the Stone Age. Mas já lá vamos.

Red Hot Chili Peppers/ Arlindo Camacho/NOS Alive

A verdade é que quando se tem como mote “o melhor cartaz sempre” a fasquia dificilmente pode subir mais – e as grandes estrelas do alinhamento do NOS Alive 2023 pareciam não guardar surpresas. Quando as portas se fecharam, no entanto, os prognósticos não podiam estar mais errados. É certo que a visita dos Red Hot Chili Peppers, logo no dia de arranque, sempre sábios, sempre eficazes, foi mais morna do que a passagem por palcos nacionais em 2017 e a intensidade bluesy dos Black Keys pareceu toldada pela intensidade do vento mas, ao segundo dia de festival, tudo ficou radicalmente diferente.

Lizzo/José Fernandes/NOS Alive

Se, no Palco NOS, o rock se mesclaria com a mais colorida pop da actualidade, no Palco Heineken, Jorge Palma seria lenda inesquecível. Porventura, um desfile marcado por Linda Martini – em perfeita forma –, seguido pelos sempre intensos Idles, podia não deixar bom augúrio para a estreia de Lizzo em Portugal. Misto de serpentina pop com cores soul e r&b, a norte-americana esbanjou simpatia, confiança e uma noção de espectáculo ímpares. Menos de um ano depois da última passagem por Portugal, no entanto, os Arctic Monkeys deram um dos seus melhores concertos em palcos lusos, com um alinhamento diverso, visitando os seus vários incontornáveis documentos e mostrando (maravilha!) que as suas guitarras ainda tocam. Muito. Alto.

Arctic Monkeys/Arlindo Camacho/NOS Alive

E, se se fala de guitarras, fale-se, então dos Queens of The Stone Age. Com um novo álbum acabado de chegar aos escaparates, não foi sob o signo de In Times New Roman que a passagem de Josh Homme & cia se tornou memorável: aliás, é preciso ter tudo no sítio para se dar o pontapé de saída de um concerto com a canção mais emblemática da sua história, certo? Dificilmente, um espectáculo dos QOTSA terá sido mais memorável do que este, pé no acelerador, mão na alma e coração ao alto, do rock ao stoner, dos instantes de respiração à introspecção, nada ficou ao acaso, nada foi desperdício. É disto que se fazem as grandes bandas e são estes os momentos que, verdadeiramente, podem mudar uma vida.

Queens of the Stone Age/João Silva/NOS Alive

Num patamar distinto daquele onde estava nas suas visitas anteriores, o regresso de Sam Smith acabou por tornar-se um misto de concerto pop com cabaret, sempre seguro, sempre intenso e sem deixar ninguém para trás – o mesmo não se poderá, no entanto, dizer de Lil Nas X, que, na noite anterior, mostrou uma maior noção de espectáculo e encenação do que propriamente de música ao vivo. Não desiludiu mas também não terá correspondido à maioria das expectativas.

Quando se anuncia “o melhor cartaz sempre”, lá está, a fasquia parece alta – o que o NOS Alive 2023 provou é que é, de facto, possível fazer mais e (sempre) melhor. Em 2024, a 16ª edição está agendada para os dias 11, 12 e 13 de Julho.

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Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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