Marco Rodrigues: “Fazer coisas diferentes e arriscar”.
A história de Marco Rodrigues tem sido feita de um certo espírito de inquietude.
Começou a subir aos palcos ainda criança, a acompanhar a banda do pai, nos arraiais locais. Porém, foi fácil trocar os truques de futebol pela magia da música – claro que, para isso, é preciso lembrar que foi à sua revelia que a mãe o inscreveu na Grande Noite do Fado. Tinha 16 anos mas a vitória é de gente graúda: apaixona-se, então, pela magia dessa canção, pela aura das casas de fado, pela sedução dialogante entre a guitarra portuguesa e o fadista – e faz disso a sua vida. Passa mais de uma década no Café Luso e é presença constante na Adega Machado mas também nos discos, onde se estreia, em 2006, com Fados de Uma Tristeza Alegre. Canta uma imensa cidade em Tantas Lisboas e traz a mulher a EntreTanto; com Fados do Meu Fado, homenageia os homens que o inspiram e, na viagem, acaba a embarcar rumo a Las Vegas, nomeado para um Grammy Latino. Porém, a sua inquietude – o atrevimento que o desassossegava quando tinha que esperar para voltar a actuar e o leva a aprender a acompanhar o fado à viola ou a coragem de convidar Carlos do Carmo a participar num dos seus discos – é um bilhete de ida para ainda mais longe. Depois de Boss AC ter assinado “O Homem do Saldanha”, volta a desafiar autores pouco comuns para darem a palavra a fados tradicionais, abrindo caminho a poemas de Carlão ou Capicua mas também de Diogo Piçarra e Mariza Liz. O fado não é só tristeza nem saudade mesmo que não saiba viver sem muita nostalgia. Uma coisa é certa: na voz de Marco Rodrigues, este copo está sempre meio cheio.