No terceiro longa-duração, Gisela João estreia-se como letrista, compositora e produtora.
Cinco anos depois de “Nua”, Gisela João está de volta aos álbuns: “AuRora”, o seu terceiro longa-duração, já está disponível.
Gravado entre Almada e Barcelona e co-produzido por Michael League, em “AuRora”, Gisela João estreia-se como letrista, compositora e produtora. O disco “traz consigo a auspiciosa promessa de dias mais luminosos após um ano de pandemia. 5 anos volvidos sobre o último álbum, a voz e o timbre absolutamente singulares de Gisela João, no melhor e mais ambicioso álbum da sua discografia, consagram-na definitivamente como uma das mais importantes intérpretes da história da música portuguesa”.
No prefácio do disco, assinado por Gonçalo M. Tavares, pode ler-se: “Gisela João coloca na tristeza uma pressão que vem do tom com que recebe cada letra.
O fado aqui acelera, ganha velocidade como se a tristeza tivesse pressa.
Não é um sítio para ficar – a tristeza é, umas vezes, o corredor de uma casa por onde se passa rapidamente para outro lado; não é para sentar, mas para circular. Um ponto de passagem.
Outras vezes não. Em certas músicas, é mesmo para escavar esse instável sítio até ao fundo.
Há abandono, melancolia e perda amorosa, desistências e mudanças decisivas:
“Já não choro por ti/já não vou de rua em rua/ no encalço de quem/ saiba dar notícia tua”
mas também a vibração feminina que dá uma resistência diferente às letras do fado.
As “tábuas do palco”, de Gisela João – tema que percorre todo o disco – por vezes salvam um corpo inteiro, outras vezes sacrificam-no: “arranho o joelho e sangro”, “eu calço o soalho e canto”.
Mas as tábuas do palco são sempre essenciais. Do chão, quem canta espera sempre muito – espera tudo ou quase tudo”.