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M de Música @ Meo Sudoeste: os filhos da Elsa andam por aqui?

M de Música @ Meo Sudoeste: os filhos da Elsa andam por aqui?
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20ª edição teve foco apontado ao hip hop de Wiz Khalifa, ao reggae de Damian Marley e à electropop elegante de Sia. Os portugueses Diogo Piçarra, Slow J ou Jimmy P foram os grandes embaixadores nacionais.

 

Corria 1998 quando o mito nasceu: reza a lenda que a Elsa se perdeu, algures no campismo. Os amigos procuraram por ela a noite inteira. “Oh Elsa” foi o hino e o resto tornou-se história. Por essa segunda edição do Sudoeste, criado no ano anterior, passariam Portishead, PJ Harvey ou os meninos-sensação da música nacional, os Silence 4. De lá para cá, muito mudou no cenário da Herdade da Casa Branca. O Meo Sudoeste chega ao redondo marco da 20ª edição. A Elsa já não deve andar por cá mas uma boa parte do público (até) podia ser seu filho.
Para muitos, o Meo Sudoeste é “o seu primeiro festival”. As condições são, na verdade, imbatíveis: o campismo aberto durante uma semana faz com que a compra do bilhete seja o passaporte para sete dias de férias; ao lado, surgem as águas frescas da praia da Zambujeira, onde se chega em autocarros disponibilizados pelo festival; ao virar da esquina, os canais oferecem uma outra possibilidade de diversão aquática; e, ao invés de um imenso aglomerado de tendas, o que se vive no Sudoeste é a criação de uma verdadeira cidade, onde há bairros, “condomínios fechados”, associações. E, à noite… À noite, há música. Música para todos os gostos, idades, feitios. O serões encerram, invariavelmente, de há uns anos para cá, com as prestações dos melhores ou mais populares DJs da actualidade mas, antes ou nos outros espaços, há, por aqui, muito mais do que electrónica. O 20º Meo Sudoeste não foi excepção.

Se, no contingente DJ, todos os sabores se colocaram na “pastelaria” tornada set de Steve Aoki ou nas explosões de Martin Garrix, houve espaço para um regresso (bem disposto, político e comunicativo) de Seu Jorge e para a realeza reggae do filho mais novo de Bob, Damian Marley. O hip hop também foi rei e senhor no 20o Meo Sudoeste – e não se fala apenas de Wiz Khalifa; a repetição da
curadoria dos Orelha Negra ao Moche Room revelou uma emocionante narração de Slow J e a imperativa descoberta de Holly Hood; no derradeiro dia de festival, também Jimmy P regressou – em êxtase e pelo terceiro consecutivo – aos palcos do Meo Sudoeste. No sábado, porém, data em que Diogo Piçarra se fez acompanhar por Isaura (na belíssima recriação de “Falling Slowly”, aqui “Meu É Teu”), todas as atenções – e os largos milhares que pisaram o 20º Meo Sudoeste – se focaram no concerto de Sia. Na sua estreia, a solo, em Portugal, mostrou que é mais do que as canções a que deu voz (passando pela sua obra já entoada, por exemplo, por Rihanna ou Jessie J), numa encenação imaculada, sem rosto mas com uma incrível noção de espectáculo.

Há quem suspire de saudades por outros tempos de Sudoeste. Há quem relembre os concertos dos Blur ou dos Air, a pirâmide dos Daft Punk ou a birra dos Oasis. É verdade que, em 20 edições, muito mudou por aqui – mas, sinceramente, alguém está igual ao que era há 20 anos? Oh Elsa, os teus filhos já vêm ao Sudoeste?

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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