“Sirumba é um álbum com espaços, onde a cada curva se descobrem novos pontos que merecem ser seguidos”
Há três anos, quando os Linda Martini editaram Turbo Lento, o terceiro registo do quarteto foi considerado, pelo M de Música, o álbum nacional do ano. Fazia sentido: a dicotomia entre os dois resplandecentes lados do colectivo estavam, ali, expostos, de forma brilhante, tão depressa sufocantes no caos quanto libertadores na melancolia. O que fazer a seguir? Simples, recordar-se uma brincadeira de crianças e chegar, de forma determinada, a uma confiante idade adulta. É isso Sirumba, o novo álbum dos Linda Martini.
É arrebatador desde o primeiro acorde, a primeira palavra, a primeira emoção – e pouco importa se encontramos o pé no acelerador, como na primeira amostra do disco, “Unicórnio de Sta Engrácia”, ou se nos deixamos embalar docemente em “O Dia Em Que A Música Morreu”. A verdade é que em Sirumba tudo está no lugar certo: as explosões de instrumentos, a clareza das ideias, as descargas de ritmo. Há por aqui uma desilusão latente assente em ambientes hipnóticos, há uma vontade de luta em cenários de pacífica respiração. Acima de tudo, há isso mesmo – respiração. Sirumba é um álbum com espaços, onde a cada curva se descobrem novos pontos que merecem ser seguidos, quer se tratem das guitarras em desvario, de uma secção rítmica em perfeita simbiose ou da voz, nunca antes desta forma emocionante.
Sirumba é um disco para ouvir, com atenção. Mas também é um disco para sentir. Para viver. Para jogar. Para descobrir. E para sorrir: quando é bom, o rock é uma magnífica viagem. E este rock é bom. Muito bom.