Sete bandas, cinco DJs, oito horas de música – assim se fez a segunda edição do EA Live
Anunciava-se um Campo Pequeno cheio para receber aquele que é encarado como um festival em alta velocidade: ao longo de oito horas, sete bandas mostram o que valem em sets velozes de 40 minutos, aos quais se sucedem 20 minutos de clubbing. Mas nem só de música se fez a segunda edição do EA Live, que deixou marca, nomeadamente, com o VJing que fez par constante com as actuações do palco. Do rock à pop, da electrónica ao fado, do hip hop às raízes portuguesas, esta foi uma verdadeira barrigada de música.
A pouco mais de duas semanas de regressarem aos discos, com a publicação do novo EP Yess, os PAUS deram o arranque da “noite” quando o Sol ainda se mantinha alto. Rock com nervo, ritmo e descontraído, foi o pontapé de saída perfeito para o que se seguiria.
Num alinhamento que se dividiu entre o registo de estreia e o mais recente Overcome, os Keep Razors Sharp oscilaram entre os ambientes mais psych e aventuras mais musculadas.
A celebrar a liturgia que prova que o fado pode ser o melhor amigo do hip hop e da electrónica – que responde por Bairro da Ponte, o seu segundo álbum -, Stereossauro trouxe ao palco do EA Live dois dos convidados do seu disco: NBC e Gisela João.
Para os mais teimosos, o futuro dos Diabo na Cruz – com as alterações recentes no seio da banda – pode parecer incerto mas a devoção com que o público do EA Live recebeu o colectivo não deixa margens para dúvidas: tudo “isto” é para continuar. E para continuar foi, igualmente, a euforia que, das raízes mais tradicionais dos Diabo na Cruz, seguiu para as melodias cuidadas e para as dores de alma traduzidas nas canções dos Capitão Fausto.
São uma máquina de fazer hinos. São uma máquina no palco. São intensidade pura e foi isso que foram no Campo Pequeno: os Gift encheram o palco mas também puseram um festival inteiro a entoar clássicos como “Music” ou momentos mais recentes, como “Big Fish”.
Diz-se que os seus concertos, em Lisboa e no Porto, em 1994, foram os grandes responsáveis para o empurrão final que o hip hop tuga precisava para arrancar. 25 anos depois, as canções de Gabriel O Pensador continuam a fazer sentido – “Matei O Presidente” foi a escolha para o impulso do seu set – e a alegria que mantém nas suas palavras parece imutável. Há muito que o hip hop em português mudou mas Gabriel O Pensador continua a ser recebido com curvas de celebração.
Isac Ace, Nuno Calado e Isilda Sanches, da Antena 3, Da Chick e DJ Ride foram os responsáveis pelo Clubbing do EA Live.