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Ace: “Deixar o rap vai acabar por acontecer na minha vida”

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É uma das mais icónicas figuras do hip hop nacional mas, ao M de Música, Ace assume que o rap, na sua vida, pode ter os dias contados.

O ponto de encontro foi marcado para o lugar sem o qual o Nuno nunca seria o Ace, aquele espaço onde Gaia e Porto se olham. Falar de Ace é, claro, falar do Porto e falar de Gaia mas também é falar de história. História da música portuguesa e, ainda mais importante, história do hip hop tuga.

A descoberta da música pode ter sido feita através das palavras disruptivas dos Dead Kennedys – ainda que as primeiras gravações feitas pelos pais sejam de Nuno a cantar Beatles – mas foi nas rimas disparadas pelos Public Enemy que as primeiras sementes para Ace começaram a surgir. Achava, então, que era o único tipo em Portugal a gostar de rap e assim continuou, até ler, no jornal Público, um artigo sobre General D. Viviam-se tempos alheios às proximidades das redes sociais e para chegar à fala com ao autor de PortuKKKal É Um Erro foram precisos vários telefonemas e outras tantas trocas de cartas. Meteu-se num comboio e num barco e viu-se em Miratejo, rodeado dos percursores do género em Portugal – e confirmou que o rap era a sua casa. Amigos criados num concerto dos Depeche Mode acabam por dar origem aos Da Wreckaz que, munidos da sua primeira Alesis, se tornam Mind Da Gap: e o resto, como se costuma dizer, é História.

Depois de um EP, o trio da Invicta estreia-se em álbum em 1997, com Sem Cerimónias, o primeiro longa duração de uma carreira que se estenderá até Dezembro de 2016 quando, via redes sociais, o país é surpreendido com o final da banda. Porém, desde 2003 que Ace tinha, igualmente, um trajecto a solo – e outros projectos paralelos – que acaba por dar origem, em 2017, a Marlon Brando. No mesmo ano, a sua vontade de cantar encontra, igualmente, novo recipiente, com a publicação de Tens Mesmo de Querer, o primeiro álbum dos CRU. É aí, diz Ace ao M de Música, que se imagina no futuro, um futuro onde o rap ficará para trás mas onde nunca deixará de se sentir MC. O homem que criou Gaiolin e foi condecorado pela Câmara de Gaia ainda sonhaÉ uma das mais icónicas figuras do hip hop nacional mas, ao M de Música, Ace assume que o rap, na sua vida, pode ter os dias contados. ter uma rua com o seu nome mas, na verdade, o seu nome já tem várias ruas – aquelas que marcam as vidas de todos os que, ao longo dos últimos 25 anos, se deixaram embalar pelas suas palavras.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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