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Conan Osiris: “Deixar de ter vergonha de ser português”.

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Com Adoro Bolos, Conan Osiris tornou-se o nome mais falado da actual música portuguesa. É o seu terceiro álbum mas é, também, a sua grande declaração de independência.

 

Se as ameaças da mãe tivessem resultado, Tiago podia ter acabado a trabalhar no Feira Nova da Bela Vista – era esse o constante aviso a cada vez que a sua vida parecia não encarreirar. Ao invés, a influência da mãe na persona de Conan Osiris vem ainda mais de trás, quando as suas escolhas musicais apresentavam ao filho tanto fado quanto duplas sertanejas. Com a mudança de Lisboa para o Cacém, além das fiéis audições da Rádio Cidade, Tiago ia sendo introduzido às preferências dos seus vizinhos e descobre o kuduro. Novas descobertas – desta vez, no universo online – fazem com que passe horas a esconder, no computador do padrasto, canções “sacadas” em sites como o eMule. As primeiras composições não surgem com beats seus mas de NK: dos três kuduros feitos nessa parceria, e noutras colaborações, por exemplo, com Sereia, começa a brotar a verdadeira personalidade de Conan Osiris. Com o curso de Design Gráfico por concluir, regressa a casa e arranja emprego numa sex-shop, onde aprende os contornos da verdadeira essência da condição humana. Para amigos ligados à moda, vai compondo as suas primeiras canções, que serviam para ilustrar, de forma musical, a apresentação das suas colecções, na Semana da Moda de Lisboa. Por isso, quando as reuniu no seu álbum de estreia, chamou-lhe Silk. Apenas “Amália” é escrito, propositadamente, para o disco mas abria (finalmente) o caminho para a exposição da sua voz. Dois anos depois de Silk, Música, Normal, surge em 2016 e é considerado, por Mike El Nite, o Melhor Álbum Nacional – citava, então, o autor de “Mambo Nº1” as muitas influências de Osiris, da pop ao Médio Oriente, do Eurodance ao hip hop. A 30 de Dezembro de 2017, sem aviso, é publicado Adoro Bolos, o disco que pega em todas essas pistas mas que as leva (ainda) mais longe: é um álbum puramente português, mesmo que tatuado por ritmos de outros territórios ou marcado por viagens mirabolantes entre a electrónica e o fado, a Índia e África, a pop e kizomba. E em português, totalmente em português. Tudo isto existe no olhar, na música e na pena de Conan Osiris – e é isso que o torna especial e diferente. Como se estivesse, apenas, a conversar com um dos seus amigos. São cada vez mais…

 

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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