The Black Mamba: “O amor está sempre muito presente”.
Partilham o nome com uma das mais letais cobras africanas mas a música dos Black Mamba é o oposto do veneno de tal espécie: é uma verdadeira declaração de amor. À vida e à história da música.
Ouvir os Black Mamba é como abrir uma enciclopédia da história da música afro-americana. Viaja-se até aos anos 60 e 70 e as curvas são traçadas pelo funk e pelo r&b. Mas é possível ir ainda mais atrás, ao verdadeiro berço do rock, e ficar com os olhos cheios de soul e blues. No horizonte destas melodias eternas, surge o mais congregador dos sentimentos: o amor. Foi por amor que tudo isto começou mas também por uma vontade de fazer mais – e diferente.
Todos se conheceram numa banda imponente e cheia de elementos que tinha residência no Speakeasy, em Lisboa, até que o baixista Ciro Cruz tem a ideia de formar um projecto mais “portátil”, que permitisse tocar em mais espaços e mais vezes. Juntam-se três instrumentos: o baixo de Ciro, a bateria de Miguel e a guitarra de Pedro. No espaço de um ano, dão mais de 250 concertos, marcados por versões de clássicos afro-americanos mas também por momentos menos prováveis, do reggae a Paul Young. Até que a veia de compositor de Pedro falou mais alto e começaram a surgir os primeiros originais. A cada vez que interpretavam “It Ain’t You”, a canção dos Black Mamba era acolhida pelo público com a mesma devoção com que as pessoas dançavam os maiores standards – e os três compreendem que havia mais para fazer do que (apenas) recriar a obra alheia. Em 2012, surgem com o primeiro álbum, homónimo, que os leva aos Estados Unidos, ao Brasil e à liderança do iTunes nacional. Dois anos mais tarde, a veia rock fala mais alto em Dirty Little Brother, o segundo longa-duração que acaba por dar, também, o mote à estreia em palcos tão míticos quanto o Coliseu do Porto e Lisboa. The Mamba King é construído ao longo de dois anos, com as canções a passarem pelos concertos, numa espécie de teste que fez com que os dois Mambas conhecessem a fundo todos os seus segredos. No álbum #3, procuraram deixar mais clara a verdadeira linguagem dos Black Mamba, aquela que parte de vários estilos distintos mas que encontra coerência e honestidade no amor com que é interpretada. O amor – sempre o amor: é aí que tudo isto começa e é aí que tudo vai dar.