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Mallu Magalhães: “A música faz do agora uma coisa eterna”.

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Com 15 anos, era considerada o maior fenómeno da música brasileira, feito alcançado, apenas, com a gravação de quatro canções – quatro álbuns depois, há muito que Mallu Magalhães se tornou um nome incontornável no cancioneiro dos dois países irmãos.

 

A certa altura, na sua conversa com o M de Música, Mallu recorda um livro que leu recentemente, que aborda a questão da identidade – na verdade, esse é um assunto que sempre a cativou. Para confirmá-lo, basta viajar até ao documentário que assinalava o final da sua primeira digressão, quando uma adolescente Maria Luiza Magalhães reflectia sobre uma mensagem que tinha deixado a si própria, no seu espelho: “hoje, eu estou achando que”. Todos os dias achava uma coisa diferente, todos os dias procurava aceitar essa diferença. E Mallu sempre foi diferente.

Começou a tocar guitarra com 9 anos, cativada pelas artes mágicas de nomes como Beatles ou Bob Dylan mas também Johnny Cash. Com 12, escreve as primeiras canções, em inglês. Com 15, pede que as suas prendas de aniversário sejam substituídas por dinheiro, que pudesse usar para entrar num estúdio e gravar as suas primeiras obras. Não reuniu mais do que o suficiente para registar quatro canções mas quatro foram suficientes para cravá-la nos anais da história da música brasileira. Um ano depois, com 16, lança o primeiro álbum, homónimo, onde conta com Mário Caldato na produção, cadeira que, no segundo registo, também homónimo, é ocupado por Kassin. Porém, seria o produtor seguinte o grande motor para mais uma mudança na vida de Mallu: com Marcelo Camelo, partilha a música e a vida e, juntos, dois anos depois da edição de Pitanga, mudam-se para Portugal. Ao lado do amigo Fred Ferreira, Mallu assume uma postura mais rock, na Banda do Mar, e Portugal fica ainda mais rendido à figura que tem tanto de mulher determinada quanto de frágil menina. É no Portugal adoptado que cresce Vem, o seu capítulo #4 e o primeiro depois da maternidade. É um disco profundamente brasileiro, desenhado como apenas alguém que tem a música na alma – como os brasileiros – pode desenhar. Mas também é português, como na guitarra que se vai anunciando. Há, por aqui, muitas saudades: mas a saudade é algo vivido de forma profundamente distinta por um brasileiro e por um português. Ao fazer um disco determinado em mostrar-se “para fora”, Mallu tem no seu imaginário a lenda do tsuru, o origami japonês que a acompanhou em palco, nos concertos de Vem, e que é um símbolo de tranquilidade. Só alguém consciente dessa magia pode conceber que a música pode não salvar o mundo mas é capaz de salvar uma vida.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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