Tipo: “Não faço ideia do que é que pode ser o futuro”.
Há algo subversivo no nascimento de Tipo, o novo projecto de Salvador Menezes, dos You Can’t Win, Charlie Brown. Ou não tivesse tudo isto surgido durante uma semana e meia de férias.
Em Tipo, nada é, exactamente, aquilo que parece. Para criar a sua nova persona, Salvador Menezes tirou uma semana e meia de férias, numa espécie de “Acção/Reacção” ao desalento que a vida lhe estava a provocar. Não viajou até à “Jugoslávia” mas descobriu nessa pausa auto-imposta que tinha mais para dizer ao mundo do que o veículo da sua banda de sempre, os You Can’t Win, Charlie Brown. Com tranquilidade, ao longo de dois anos, construiu o retrato da pessoa em que se foi tornando: as Novas Ocupações que dão nome ao seu primeiro álbum a solo não se imiscuíram com os cenários de sempre (basta pensar que Tipo nasceu em 2015 e que os YCWCB apresentaram Marrow em 2016) e, até, trazem marcos tão importantes quanto a descoberta da paternidade. Tipo pode parecer a aventura a solo de Salvador Menezes, porém, ele não está, exactamente, sozinho. Para quem vem de uma democracia de seis, esta viagem tanto é um misto de imensa liberdade quanto a tomada de consciência de que não é fácil caminhar sem olhar para o lado. Escolheu Tipo para baptizar a sua nova existência mas ele não é, claramente, um tipo qualquer.