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Miguel Araújo: “Sinto-me um escritor de canções”.
Depois de ter editado três álbuns em nome próprio, Miguel Araújo questiona esse conceito. O homem que já escreveu para António Zambujo ou Ana Moura é, antes de tudo, um verdadeiro escritor de canções.
Em criança, espreitava os ensaios d’Os Kappas, a banda de versões dos seus tios que, depois da actividade nos anos 1960, foi recuperada no final da década de 80. Quando viravam as costas, aproximava-se dos objectos de tal fascínio: mexia nas guitarras e tentava replicar as posições dos dedos dos guitarristas. Só que, quando embarcou na sua primeira banda, com os seus primos, só lhe restava o baixo – é assim que faz a sua adolescência, na mesma altura em que se deixa fascinar pelo rock dos Metallica, dos Pantera ou dos Faith No More. No final da sua licenciatura, este auto-didacta formado em Gestão não estava certo do que queria fazer na sua vida – e, não fosse uma noite no Pop, um bar no Porto, provavelmente, Os Azeitonas nunca teriam nascido. É com essa banda que descobre o lado descontraído da composição e é, também, com os responsáveis por “Anda Daí Ver os Aviões” que começa a cantar. Escrever acaba por se tornar uma obsessão e nem todas as suas assinaturas cabiam no lado humorístico presente no horizonte d’Os Azeitonas. Por isso, um dia, desafiado por André Tentúgal, entra em estúdio, durante três dias e meio, para registar para a posteridade uma brincadeira que havia de se tornar no seu primeiro longa-duração em nome próprio. De lá para cá, publicou mais dois álbuns, fez história ao lado de António Zambujo, em 2016, com quase três dezenas de concertos nos Coliseus de Lisboa e Porto, e assinou para nomes como Ana Moura ou Carminho. No entanto, nada está claro no olhar de Miguel Araújo, a ponto de questionar se fará um álbum que suceda a Giesta, de 2017. Há algo, no entanto, inquestionável e é ele próprio quem o assume: é um escritor de canções. Ele sabe o que diz.