Benjamim: “O que mais me fascina é estar a imaginar coisas”.
Do violino ao piano, passando pela bateria. Do Luís ao Benjamim, passando pelo Walter. Eis as muitas dimensões do homem que começou em inglês mas que se descobriu livre ao volante de uma carrinha Volkswagen.
Foi preciso mudar-se para Londres para compreender o verdadeiro apelo do que é ser português. Um “ser” que acaba por se reflectir também num escrever em português, num cantar em português. Concluído o curso de Antropologia, quando o Luís se mudou para a cinzenta capital britânica, foi aprender engenharia de som, o que acaba por lhe permitir arranjar emprego como técnico, num cinema que também recebia concertos. Nessa altura, já tinha editado como Jesus, the Misunderstood e também já tinha criado a persona de Walter Benjamin – porém, é em Londres que compreende que as suas canções (que carinhosamente chama de “pachorrentas”) não pertenciam a parte alguma. Em 2013, quando o líder do governo (quase) incentivava à emigração, o Luís decide regressar a casa. Queria vencer o medo e arriscar-se na sua língua-materna: para o fazer, voltou à estaca zero, descobriu uma nova forma de compor e criou Auto Rádio, o primeiro álbum que assina como Benjamim. A partir daí, nasce uma nova história, que o leva a todo o país e que, em 2017, encontra segundo capítulo, na aventura conjunta 1986, um disco assinado com Barnaby Keen, um amigo que conhecera, precisamente, durante um concerto no qual fez som, em Londres. Enterrou Walter Benjamin no Lux e estreou Benjamim no Portugal Fashion. Para apresentar Auto Rádio, em Agosto de 2015, deu 33 concertos em 33 dias consecutivos – nunca um regresso a Portugal foi tão regresso a Portugal. À canção que compôs para o Festival da Canção 2018 chamou “Zero a Zero” mas, que fique claro: no percurso de Benjamim, não há vestígios de qualquer empate.