Surma: “Sigam na viagem comigo”.
É uma música feita de imaginação e muitos pormenores. Ao invés de procurar defini-la, o melhor é seguir as palavras da sua autora e chamar-lhe “estranha”.
Há momentos que surgem durante o sono, são registados no telemóvel e trabalhados no dia seguinte. Os dias sucedem-se, numa constante busca por algo novo, algo diferente. Diferente é, de facto, aquilo que Débora Umbelino faz enquanto Surma: uma música atmosférica e ambiental que se contorce por pormenores trabalhados ao milímetro; uma espécie de som livre de quaisquer amarras onde tudo pode caber; uma sucessão de palavras que brotam de um idioma que não existe a não ser neste universo paralelo onde não há corpo mas há olhar, um olhar que se perde num infinito que vive tanto do silêncio quanto de uma imensa parafernália de sons. Tudo isto é Surma e tudo isto está em Antwerpen, o seu primeiro álbum, aquele que define como o momento de viragem entre o que já fez e o que ainda quer fazer. De gargalhada fácil, o seu diálogo é tão expansivo quanto a sua música é abrangente. As suas canções podem ser a banda-sonora para uma imensa viagem mas Surma ainda se sente a viver um sonho – e ela tem muitos.