Mimicat: “Chamei a música para minha vida”.
Foi numa festa, na sua escola primária, que tudo aconteceu: subiu ao pequeno palco, entoou “Chamar a Música”, de Sara Tavares, mas foi a música quem a chamou.
Daí, os primeiros fãs compreenderam que era preciso dar cenário a este talento – e os seus pais encontram o produtor que viria a trabalhar no primeiro álbum de Marisa. Ela tinha 9 anos e o disco chamar-se-ia Canções Populares para Dançar. A música estava lá, sempre: mesmo durante o curso de Engenharia do Ambiente, que frequenta de forma comprometida mas sem paixão. Depois de, em criança, ter passado por muitos programas de televisão para promover o seu disco de estreia, é já jovem adulta que regressa ao pequeno ecrã, quando concorre à segunda edição de Ídolos – e, aí, descobre que um curso de Som e Imagem lhe interessaria muito mais do que outras engenharias. Pelo meio, abraça a aventura de banda, com os Casino Royal, com quem também grava dois longa-duração. O grande grito de independência, no entanto, só chegaria em 2014: cria a persona de Mimicat – uma alcunha que junta o diminutivo caseiro de madrinha e um elemento privado que nunca revelou – e, inspirada tanto pela tradição de Ella Fitzgerald quanto pela inovação de Jill Scott, edita For You. Três anos depois, Mimicat é menos personagem e mais Marisa, é menos soul e mais pop, é menos mistério e mais humanidade. Os brasileiros chamaram-lhe “Amy Winehouse do Tejo”, os sul-coreanos renderam-se às suas canções: é caso para dizer que, quando a música chama, não há volta a dar.