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Dengaz: “Estou a viver o sonho que tinha desde puto” 

Dengaz: “Estou a viver o sonho que tinha desde puto” 
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É benfiquista confesso e o futebol podia ter sido a sua vida – se não se tivesse apaixonado por toda a cultura hip hop. O seu nome pode ser a tradução (mais ou  menos) directa de ser o mais pequeno do seu grupo mas foi enquanto Dengaz que se tornou grande.

 

É com convicção que declara o que canta: que está a viver aquilo com que sempre sonhou. Porém, nada disto aconteceu de um dia para o outro, sozinho ou por sorte. Passou pelo graffiti e pelo reggae, estreou-se com um álbum que sabia que não resultaria como esperava – até ter trabalhado para dar um verdadeiro grito de guerra. Abraça colaborações como quem tem a certeza que a união faz a força e, no embalo, encontra aclamação no seu terceiro registo. Quando lhe chama Para Sempre faz, também aí, uma afirmação convicta: venha o que vier, chegou para vencer.

 

Para Dengaz, o melhor álbum editado em 2016 conta com a assinatura de Chance The Rapper. Foi, precisamente, de “Blessings”, encontrado em Coloring Book, que Dengaz retirou uma frase que acompanhava um foto que o revelava em estúdio: “When the praises go up the blessings come down”. A procura pelas suas bênçãos, no entanto, encontra resposta imediata e “muito fácil: as minhas maiores bênçãos são as minhas filhas, são as minhas duas filhas. Assim, de longe. Mas eu tenho tido momentos muito bons, tanto a nível pessoal quanto a nível musical, da minha carreira. Tenho conseguido fazer tudo aquilo que queria fazer e, acima de tudo, estou a viver o sonho que tinha desde puto: sempre sonhei ouvir a minha música a passar na rádio, ser ouvida por muita gente, ter pessoas nos concertos a cantar as músicas que faço e, acima de tudo, sentir-me realizado e sentir-me verdadeiro quando faço música”. Para Dengaz, é esse o elemento mais importante da sua vida. “Se fizermos aquilo de que gostamos (e se for uma coisa verdadeira), aconteça o que acontecer, podem dizer o que quiserem, as coisas podem correr mal que nós conseguimos ter força para aguentar tudo”. Força foi algo que Dengaz que teve que ter até chegar aos Coliseus de Lisboa e Porto, em Março de 2017 – e esse foi um caminho que começou há muito tempo.

 

Tinha 13 anos quando escreveu as primeiras canções e, um ano depois, formava, com um grupo de amigos de Cascais, a sua primeira banda. Nos Dinastia, respondia por MC Criador mas os amigos chamavam-lhe Denga, expressão de origem angolana e abreviatura de “candengue” – o mais novo ou o mais pequeno. A alcunha era, apenas, uma das coisas das quais a mãe não gostava. “Agora, não se chateia mas a minha mãe chateou-se até há muito pouco tempo. Para a minha mãe, eu vou ser só “o filho dela”, ela não quer saber o que eu faço. Por isso, o pessoal chamar-me Denga ou Dengaz foi um bocado falta de respeito: demorou tanto tempo a escolher um nome e, depois, toda a gente inventou um nome para mim que é mais importante do que o que ela inventou!”. Hoje, há, por aqui, muitos motivos de orgulho – mas nem sempre foi assim. “Hoje em dia, ela tem muito orgulho naquilo que faço e isso, para mim, é uma grande recompensa… Quando comecei a fazer música, os meus pais não queriam que eu fosse rapper de vida – se, hoje, ainda é difícil, há uns anos era inacreditável dizer que o que queria fazer da vida era com música e, ainda para mais, com rap… Hoje, uma recompensa muito boa que tenho é saber que estou a orgulhar os meus pais e que eles estão contentes com o que eu estou a fazer”.

As rimas vieram no seguimento, por exemplo, das primeiras experiências com o graffiti – algo que, em definitivo, não deixava os pais de Dengaz orgulhosos. “Até porque tive alguns problemas com isso, aqueles clássicos que toda a gente que já fez grafitti também teve. Ficavam muito preocupados: comecei a fazer música com pessoas de sítios muito diferentes e acho que isso foi uma das coisas que mais me enriqueceu pessoalmente, até fora da cena da música. Comecei a fazer música com pessoas que moravam em sítios como eu, na Parede, em Cascais, no Estoril, e fiz música com muita gente de guettos aqui da nossa área, que tinham aquela fama de sítios problemáticos, como o Bairro das Marianas. A minha mãe ficava um bocado preocupada porque queria ter a certeza que o que eu estava lá a fazer era música. Acho que isso me enriqueceu muito mas sei que dei algumas dores de cabeça aos meus pais – como acho que toda a gente que tenta fazer música e quer ganhar a vida com isso já preocupou os pais”.

 

À medida que se deixa embrenhar pela cultura hip hop, em todas as suas variantes, Dengaz começa, também, a descobrir os grandes mitos do género. Em paralelo a figuras como Tupac ou Notorious B.I.G., fica fascinado com a obra dos Bone Thugs-N-Harmony, colectivo de Cleveland, em actividade desde 1991. Mas foi por causa dos Guns N’ Roses que se imaginou, pela primeira vez, a subir a um palco. “Influenciaram-me muito mais nessa área de ter vontade da cena live do que propriamente na música – gosto muito de ouvir a música deles (porque me lembra alturas da minha vida e acho que é isso que a música, na verdade, faz a toda a gente) mas lembro-me de ver, pela primeira vez, um concerto dos Guns N’ Roses e ficar completamente fascinado com a atitude deles”. Há mais: “Eles fazem uma coisa que é muito a minha cena no rap: eles tinham uma atitude, dentro do rock, à qual traziam aquela cena mais melódica – e eu gosto muito disso no rap”. É por impregnar o seu hip hop de curvas menos habituais que encontra críticas vindas dos mais puristas. “As pessoas criticam tudo o que se faz. Foi um momento de viragem e uma mudança de geração: o rap que se ouvia mais [quando comecei] era o rap dos anos 90, que tinha características, aqueles beats do DJ Premier e J Dilla…  Aquilo que eu fazia era uma sonoridade mais actual, na altura, uma cena mais nu school, há quem lhe chame uma sonoridade muito americanizada – o que, para mim, não faz muito sentido porque isso também existia com as outras. Acho que [a crítica] foi por trazer aqueles refrães mais pop para a cena do rap, o tipo de instrumentais também era diferente… Acho que qualquer coisa, quando é diferente, provoca sempre aquela reacção de estranheza – mas, na verdade, depois, o que constatámos foi que a geração também cresceu e acompanhou-nos. Era esse tipo de rap que ouvia – e esse foi um dos motivos pelo qual a minha música começou a ser mais ouvida e começou a correr muito bem”.

Por uns momentos, quando encara o microfone dos Innastereo e empresta a sua voz às curvas do reggae, o hip hop pareceu ficar para trás. Até que, em 2010, se aventura no primeiro álbum: o título parece quase um auto-retrato – Skill, Respeito e Humildade. Era um registo de coragem mas Dengaz suspeitava que os resultados ficariam áquem das suas expectativas. “Tinha esperança mas sabia que era quase impossível resultar da forma que tinha sonhado: não tinha muita gente a ouvir-me, não tinha muitos fãs, não tinha muitos seguidores, a internet não tinha a força que tem hoje…” O sonho de sempre estava lá e Dengaz não o deixou repousar em mãos alheias. Quis “fazer o álbum de maneira clássica – fui trabalhar, ganhei o meu dinheiro e posso dizer que o gastei todo em horas de estúdio. Depois, fizemos o percurso normal: pusemo-lo nas lojas, em formato físico, acho que, na altura, nem estava disponível nas plataformas digitais. Obviamente, não podia esperar um milagre: sem muita promoção, as pessoas, de repente, iam todas comprar o meu disco?! Eu também era muito mais inocente e achei que fazer aquele álbum era um passo muito importante. Eu tenho muito a coisa de saber o que quero fazer no futuro e, até hoje, graças a Deus, a mim e ao trabalho que fizemos, as coisas estão a acontecer. Sabia que aquele álbum não ia correr muito bem mas ia trazer-me um monte de outras coisas que me iam ser úteis no futuro – e acho que foi isso que aconteceu”. O que aconteceu a seguir passa também por algo que viria, desde então, a marcar a carreira de Dengaz: as colaborações.

Em 2012, revela a mixtape que tem no título o seu grito de guerra: Ahya. “Esse foi, realmente, o ponto de viragem. É uma mixtape que, na verdade, era um álbum: os instrumentais eram todos originais, feitos de propósito para aquilo e a  maneira como fiz [o disco] foi com o mesmo trabalho com que faço os álbuns”. Ahya – que, hoje, é também o nome da banda que o acompanha em palco – é editado em formato digital e “aí sim, percebi o poder da internet: mudei a estratégia e tive resultados diferentes. Há uma frase que faz muito sentido para mim: não esperes resultados diferentes se praticares as mesmas acções. Nessa altura, lancei uns quatro videoclips de seguida e senti aquele boom – não era muito normal os artistas lançarem assim tantos vídeos… Fiz isso, fiz um álbum, disponibilizei-o gratuitamente na internet e a recepção foi espectacular. Teve músicas que tiveram sucesso e acho que, para uma coisa independente, como era na altura, correu muito bem e foi, sem dúvida, o meu grito de guerra – a todos os níveis”.

Em Ahya, Dengaz não surgia “a sós”: na listagem de convidados, encontravam-se nomes como Carolina Deslandes, Dino D’Santiago, Agir ou Richie Campbell. Que não restem dúvidas – ele gosta da experiência de partilhar a sua música com figuras vindas de espectros distintos. Olhe-se, por exemplo, para a ficha técnica de Para Sempre, o seu terceiro álbum, com data de 2015, e encontre-se António Zambujo. “Eu adoro – acho que é óbvio – colaborações. Por dois motivos: às vezes, as pessoas falam-me nisso numa maneira positiva, “espectacular, conseguiste misturar coisas que não esperávamos” e, outras vezes, falam naquele ponto de vista “eh pá, é sempre participações”. Costumo dizer que, quando faço música, tenho aquele sentimento de produtor executivo: penso sempre na música final, como é que quero que fique, como é que quero que soe – porque quero fazer música que goste de ouvir. Tenho noção das minhas limitações e há coisas que nunca vou ser capaz de fazer: nunca conseguiria dar a vibe que eu queria que o António Zambujo deu [a “Nada Errado”] ou que o Richie deu [a “Focused” e “From The Heart”] ou que o Marcelo D2 deu [a “Tamojuntos”]… Acredito nisso na música e em quase tudo na vida: a beleza está na mistura”. Ao partilhar cenários, no entanto, Dengaz acaba por presentear os seus convidados com o seu público e chega ao público dos seus convidados. “Costumo dizer que uma participação nunca tem o poder de fazer um artista ou de lançar um artista , [mas] dá-nos a possibilidade de mostrarmos o nosso trabalho a mais pessoas, que não estavam atentas ao que estávamos a fazer. Depois, as pessoas decidem se querem continuar a acompanhar o processo, se gostam ou não”.

Cada uma destas parcerias, no entanto, surgiu de forma diferente: com Richie Campbell, já tinha partido em digressão com o autor de “That’s How We Roll”, mas, por exemplo, no caso de António Zambujo,  Dengaz não conhecia sequer o cantor de Beja. “Essas músicas foram todas feitas com artistas diferentes e com energias muito diferentes mas tiveram todas uma coisa em comum: foram todas feitas com uma cena muito natural. Fiz as músicas e pensei “era brutal ter aqui este gajo”. No caso do António Zambujo, eu era fã da música dele mas não o conhecia. Mandei-lhe uma mensagem, a dizer que tinha uma música que, na minha ideia, era ideal para ele: ele ouviu e, no dia a seguir, estava comigo no estúdio; escrevemos tudo na hora, fizemos tudo na hora – foi fixe”. Foi algo semelhante o que aconteceu na versão unplugged que dá nome ao seu terceiro registo, que, em 2016 conheceu nova edição, onde as canções de Para Sempre surgem despidas à sua essência. “No “Para Sempre” acústico, tenho a participação do Seu Jorge – estávamos no estúdio, a fazer o arranjo dessa música e eu disse que era brutal ter ali o Seu Jorge. Cantei com o meu “brasileiro”, para o produtor  [o Twins] ouvir e ficámos os dois todos excitados no estúdio, “isso era lindo”. É uma música muito especial para mim porque escrevi-a para as minhas filhas: eu sou muito fã do Seu Jorge , as minhas filhas ouvem o Seu Jorge também. Para mim, foi muito especial tê-lo nessa música porque acho que, no futuro, elas vão ouvir e vão ver que é uma boa dedicatória – ainda por cima, com dois artistas de que elas gostam”.

Para Sempre entra directamente para o top dos álbuns mais vendidos em Portugal e chega a liderar a tabela portuguesa do iTunes – num desfile de canções onde tanto fala da sua mãe quanto das suas filhas, ao mesmo tempo que reflecte sobre experiências de amigos e aborda confissões feitas por fãs. “Isso não é uma coisa muito pensada: é a maneira como sei fazer música. Se me pedirem para fazer uma música sobre outra coisa qualquer, vou ter mais dificuldades – vou conseguir mas vou ter muito mais dificuldades. Acho que tem muito a ver com a minha ligação à cena hip hop: é isso que fazemos. Falamos de nós, das coisas que vivemos, das coisas que os nossos amigos vivem e que acabam por influenciar a nossa vida também… Falo muito em mim, falo muito nas minhas filhas, falo nas minhas relações, falo na minha mulher, falo nos meus pais: às vezes, nem tudo é extremamente óbvio, as pessoas podem não saber do que é que estou a falar. Acho que é importante não limitar as pessoas a esse ponto. Acho que vivemos todos as mesmas coisas, com algumas diferenças, mas os sentimentos são todos muito parecidos. Também tenho histórias de fãs, sim – como a de uma fã, que falou comigo num concerto, que tinha problemas, que se cortava… É uma coisa que não temos noção mas é muito comum. Há montes de pessoal muito jovem a passar por casos de depressão gravíssimos e eu tenho acompanhado um bocado isso. Como vou conhecendo histórias de muita gente, acho importante falar nelas porque sei que estou a falar com outras pessoas. É assim que sei fazer música e quero que isto seja assim mesmo: as pessoas que ouvem a música sentem que, quanto mais real aquilo for, mais as sensibiliza”.

Apresentar momentos hip hop em formato acústico pode não parecer a escolha mais óbvia – mas, quando revelou as canções do seu terceiro álbum em Para Sempre Unplugged, já toda a gente sabia que Dengaz não era um rapper “comum”. “Acho que me consigo ligar ainda mais às pessoas em formato unplugged. Sempre gostei muito de ver a forma como os artistas de que gosto transformavam os álbuns originais em unplugged – se calhar, hoje, já não é uma coisa assim tão comum de acontecer mas eu sou da geração do MTV Unplugged. Queria experimentar e foi uma coisa que sempre quis fazer. Já tinha tido esta conversa com várias pessoas: às vezes, fazíamos experiências em rádios e televisões, em formato mais pequeno e acústico, e havia muita gente que me dizia que as pessoas se ligavam mais ao que eu dizia – e isso, para mim, é a coisa mais importante. Uma vez, tive uma conversa com o David Fonseca, em que ele me disse que tinha ouvido uma coisa nossa assim e que se emocionou a ouvir aquilo porque prestou atenção à letra. Acho isso muito importante: tenho um produtor, o Twins, que é genial a fazer os arranjos, tivemos connosco um quarteto de cordas e uma secção de sopros. Fiquei muito orgulhoso desse álbum e sei que há músicas que ganharam muito e que ficaram ainda mais emotivas”.

É com Para Sempre Unplugged que, no espaço de um ano, Dengaz pisa, pela segunda vez o palco do Coliseu dos Recreios – e, se estreia, em nome próprio no Coliseu do Porto. Ninguém diria que o primeiro concerto que deu, numa escola,  foi uma experiência aterradora. “Fico em pânico com essas coisas. Não tenho pretensão nenhuma de estar aqui a dizer “ah é na boa, fazer um Coliseu é tranquilo”. Acho que os artistas todos são extremamente inseguros e temos grandes dúvidas e eu tenho sempre medo de fazer essas coisas. Para cada concerto que vou… Em 2016, por exemplo, todos os concertos correram muito bem, foi um espectáculo, mas, em todos, pensava “será que vai estar alguém? Isto, se calhar, vai estar vazio, se calhar, não vem ninguém”. Esse tipo de coisas assusta-me muito. Esse primeiro concerto foi uma experiência marcante, sem dúvida, porque correu muito mal e eu pensei que nunca mais queria fazer aquilo na vida – mas o bichinho era muito maior”.

Dengaz é benfiquista assumido mas não recusa prendas dadas pelos fãs: mesmo que sejam camisolas do Futebol Clube do Porto. “A camisola do Porto está guardada, com muito carinho: foi-me dada no Meo Marés Vivas [onde actuou em Julho de 2016], que foi um festival onde gostei muito de estar, foi um concerto muito fixe. Essa camisola, à parte de clubismos, vai-me sempre ficar na memória, vai representar um momento muito fixe. Sou benfiquista assumido, gosto muito do Benfica mas não sou mesmo nada anti nenhum clube: não sou anti-Porto, não sou anti-Sporting. Gosto muito de futebol, na verdade”. Gosta tanto que já jogou no Estádio da Luz – em 2016, participou no Torneio Manto Sagrado, ao lado de figuras e benfiquistas convictos como Carlão, Pedro Ribeiro, Fernando Alvim ou António Raminhos. “Jogámos no campo de treino do Benfica – foi uma experiência espectacular. Na verdade, aquilo foi brincar aos crescidos: quando chegámos lá, cada equipa tinha um balneário e, quando cheguei ao balneário do Benfica e vi o meu equipamento, com o meu nome nas costas, senti-me um puto… Estávamos todos contentes. O nosso treinador era o Veloso…  Foi uma experiência muito fixe. Depois, fui convidado para fazer um Benfica-Estoril: eu sou do Estoril, joguei pelo Estoril e ganhámos, com muita pena minha – tivemos que causar esse desgosto ao Benfica. Eu gosto muito de futebol, gosto muito desse ambiente do futebol e vestia a camisola do Porto, se fosse por um bom motivo – mas o meu clube é o Benfica, sem dúvida”. Ou, como ele próprio diz, para sempre.

Ana Ventura Ana Teresa Ventura trabalhou na Blitz durante dez anos e hoje podemos vê-la tanto em festivais de verão cobertos pela SIC, como na sua rubrica, M de Música do programa Mais Mulher, na SIC Mulher.

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